Pois bem. Presenciei nessa semana na Embaixada Brasileira em Berlim o lançamento de um livro sobre o Brasil atual, escrito em grande parte por estudiosos alemães que se interessam pelo Brasil. Na platéia estavam entre os curiosos vários professores brasileiros que estão emprestados para a Alemanha. Dentre esses professores me chamou mais a atenção uma professora doutora da USP e um professor doutor da UNB. A professora da USP discutia bem entusiasmada durante os comes-e-bebes pós apresentação do livro com um dito cujo que lá estava sobre o fato de Dilma Roussef ser extremamente despreparada para ser presidente do Brasil. Enquanto isso, à dois metros de distância, eu discutia com o professor da UNB, e ele batia o martelo sobre a incompetência do Serra. Pois bem. O quê me encucou? Me encucou o fato de duas pessoas de um background relativamente parecido (professores doutores de universidades elites do Brasil emprestados à Alemanha que com certeza não são pobres no Brasil ) poderem ter opiniões tão antagônicas. Esse debate definiu pra mim o fato de que a competência de um candidato não é uma característica objetiva. Não dá pra medir quem é mais preparado ou mais competente. Professores doutores têm tão pouca noção sobre isso quanto nós, mera reba.
Então, como é que se pode definir em quem votar, partindo desse princípio? A idéia da democracia, é que cada um proteja o quê é seu. Assim se formaram os partidos políticos. As coligações são uniões de partidos, que representam interesses semelhantes (mas não iguais, porque assim eles seriam um partido só). Votar na coligação PT/PMDB realmente não faz muito sentido do ponto-de-vista filosófico da coisa, de tão distintas que são as camadas por eles representadas. A dupla Serra/Índio, por mais que seja esdrúxula, ainda faz certo sentido. Então, a coisa está decidida, certo? É claro que não. Se o Serra ganhar, PSDB/DEM tem tão poucos assentos no Congresso, que eles teriam que sair distribuindo postos pra galera, pra poderem ter certa governabilidade. E a gente sabe que isso não é bom. Coisa que PT/PMDB não precisaria fazer. Então, mesmo com o "nada haver" do PT/PMDB faz mais sentido votar neles? Me recuso à dizer, que faz sentido votar no PMDB.
Quanto ao livro que foi apresentado, era um tijolão de trocentas páginas todo em alemão sobre o Brasil que custava 33 euros. Durante a apresentação foi revelado que em Berlim, Dilma foi a mais votada no primeiro turno, seguida por Marina Silva e, em terceiro, Serra. No mais, nada de memorável na noite.
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