quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ficha Limpa

Pois bem. Vamos lá. O meu dia começou abrindo um Email do Pachecão, com um link da revista Veja sobre a implantação da lei "Ficha Limpa" já nessas eleições. No Email havia apenas o dito link e a frase: "Parece bom, mas não é". Então decidi escrever algo sobre o "Ficha Limpa".

No meu ponto-de-vista (que muitos dizem ser bastante simplista e inocente) o quê aconteceu foi o seguinte: o Congresso aprovou o projeto de lei (oriundo de vontade popular) sobre a inelegibilidade de candidatos envolvidos em certos processos judiciais e daqueles que renunciaram ao cargo para fugir de tais processos. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) resolveu aplicar essa lei já nessas eleições. Por quê? Eu não sei. O interessante seria saber qual o nome da pessoa que teve a palavra sobre este assunto. Então, alguns candidatos se sentiram por essa aplicação prejudicados e entraram no STF (Supremo Tribunal Federal) com recurso, alegando inconstitucionalidade da aplicação da dita lei já nessas eleições. Primeiro houve o argumento da retroatividade da lei. Quando esse argumento caiu, veio o argumento que tal lei precisaria (segundo a constituição) de um ano para entrar em vigor.

O Roriz, do Distrito Federal, desistiu do recurso e da candidatura, por isso o tema ficou por um tempo esquecido. No entanto, Jader Barbalho também entrou com recurso, que foi votado ontem. Houve de novo um empate de 5 a 5, e optou-se pela aplicação do Regimento Interno do STF, o qual prevê que em caso de empate, a decisão do órgão competente seja mantida, no caso do STE. E assim se fez.

Ouvi e li muitos comentários sobre este assunto e várias pessoas dizem e escrevem que a aplicação dessa lei nessas eleições é inconstitucional. Nesse caso, um candidato entra com recurso junto ao STF, para que este julgue a constitucionalidade (ou inconstitucionalidade) da aplicação da lei. O STF julgou, e empatou no resultado. Seguindo o Regimento Interno, em caso de empate, manteve-se a decisão do STE. O quê é constitucional ou não, é o STF quem decide. É muito difícil (senão impossível) de argumentar se baseando na Constituição contra uma decisão do STF, já que este é o órgão máximo responsável pela interpretação da Constituição. Todas as pessoas que já estudaram um pouco de Direto sabem, que a interpretação de um código não deve se restringir à sintaxe e ortografia. Há uma ampla área de manobra, onde o subjetivismo dos juízes entra em ação. Por tanto, baseado, na constituição, a decisão do STF é sempre constitucional.

Resumindo: O projeto de lei de iniciativa popular "Ficha Limpa" foi aprovado pelo Congresso. O STE resolveu aplicar essa lei já nessas eleições. Alguns candidatos se sentiram prejudicados e entraram com recurso junto ao STF. O STF julgou o caso, e empatou. Dado o empate, pegou-se o Regimento Interno do STF e manteve-se a decisão da instância competente, o STE. Tudo isso ocorreu dentro dos preceitos da democracia e do Estado de Direito. Altamente constitucional.
   

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

É caminhando que se abre caminhos




Vale a pena assistir à este vídeo!



Agradecimentos ao amigo Pachecão pela dica!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Agora, com a devida conivência da organização da exposição "A Typographic Ballet", vou postar as fotos de objetos lá expostos.











Fotos de Giampaolo (GP) e Thiago Menezes.
Agradecimentos à organização da exposição pela permissão de postagem.

domingo, 24 de outubro de 2010

Fui hoje à uma exposição de "arte" chamada "A Typographic Ballet - Liberating Poetry from the Page" aqui em Berlim. Bem, a estória começa na verdade há um tempo atrás, quando um amigo meu (Clemens) me mandou um link via facebook sobre um lugar aqui em Berlim, que foi todo modelado com o intuito de proporcionar flexibilidade e possibilidades, espaciais e técnicas, para que artistas possam apresentar suas obras. Esta modelagem desse lugar levou então o nome de projeto "MADE", onde teoricamente coisas incríveis...are "made".

Pois bem, hoje (domingo) me telefonou este dito Clemens, me perguntando se eu queria ir à esse lugar hoje, onde está ocorrendo uma exposição, a dita "A Typographic Ballet". Depois de muita relutância de minha parte ao telefone, cedi às pressões. Logo liguei para um outro amigo meu, Giampaolo, aliás GP, para que este viesse conosco. Fomos então os três à exposição.

Chegando ao local, a primeira impressão já foi meio estranha, porque ele se localiza num prédio na Berlim Oriental (Alexanderplatz), e tinha um papel tipo A4 pregado na porta com um número de telefone. Se tem que ligar para esse número, para que alguém desça e abra a porta para os visitantes da exposição. Bem, até então tudo bem. Releva-se. Chegando ao nono andar, o hall do elevador era todo branco de um material meio plástico meio acrílico. Uma impressão muito Macintosh/clean da coisa, mas bacana.

A exposição era basicamente composta de quatro manequins (um verde, um azul e dois róseos), sendo que dois destes manequins (o verde e o azul) estavam no centro de uma estrutura metálica compostas por hastes (mais ou menos um cubo). À estes dois manequins estavam  pregadas tiras de um material metálico branco (relembrando tiras de papel) com um texto escrito nelas. Essas tiras estavam presas aos manequins e às hastes metálicas. O texto de um dos manequins é uma composição de um raper. O texto dos outros eu não sei. O terceiro manequim (róseo) tinha ao longo de seu "corpo" uma espiral metálica com algum texto. Outros pequenos objetos e um mural com os desenhos e rabiscos dos manequins completavam a exposição.

Quanto ao local, o salão tem mais ou menos a dimensão de 10x30 metros e um sistema de iluminação muito bacana, que se pode ajustar a posição e coloração dos refletores. A idéia é que as paredes sejam bastante flexíveis, podendo mover-las ao gosto do artista. Não podemos averiguar tal flexibilidade, já que a exposição requis que as paredes não fossem usadas, então elas estavam simplesmente amontoadas num canto do salão.
A impressão que se teve é que foi muito caro e trabalhoso montar este lugar, e agora eles precisam de coisas pra expor.

Abaixo estão os flyers da exposição.


Resumindo a ópera: eu achei o lugar maneiro e a exposição fraca.
Abaixo está o link do projeto "MADE".
http://made-blog.com/

Vale a penar assistir também a este vídeo!
http://made-blog.com/2010/03/15/made-trailer/

E assim foi o meu domingo.
Boa semana para todos!

sábado, 23 de outubro de 2010

Dia de Outono (Herbsttag)

Aqui vai uma poesia do Rilke do "O Livro das Imagens".
Só pra dar uma visão geral, Rainer Maria Rilke nasceu em 1875 em Praga, e morreu em 1926 na Suíça. Apesar do fato dele ter nascido em Praga (atual República Checa), Rilke é um dos maiores poetas da língua alemã. Naquele tempo Praga (região da Boémia) fazia parte do Império Austro-Húngaro.
Rilke escreveu "O Livro das Imagens" entre os anos de 1899 e 1906. Este livro é formado por 4 capítulos, sendo que cada capítulo, por sua vez, é formado por várias poesias.

Pelo fato do outono estar acabando aqui na Alemanha, resolvi postar aqui uma poesia outonal.
Essa poesia se chama "Herbsttag" ou "Dia de outono" em português, e está na segunda parte do primeiro livro (Rilke chama cada capítulo de livro).

Caso alguém conheça uma tradução melhor, pode escrever na lista de comentários!
Falls jemand eine bessere Übersetzung kennt, trag bitte in das Kommentarfeld ein!


Herbsttag

Herr: es ist Zeit. Der Sommer war sehr groß.
Leg deinen Schatten auf die Sonnenuhren,
und auf den Fluren laß die Winde los.

Befiehl den letzten Früchten voll zu sein;
gib ihnen noch zwei südlichere Tage,
dränge sie zur Vollendung hin und jage
die letzten Süße in den schweren Wein.

Wer jetzt kein Haus hat, baut sich keines mehr.
Wer jetzt allein ist, wird es lange bleiben,
wird wachen, lesen, lange Briefe schreiben
und wird in den Alleen hin und her
unruhig wandern, wenn die Blätter treiben.


Dia de Outono

Senhor: é hora. O verão foi muito grande.
Ponha tua sombra sobre os relógios de sol,
e sobre as passagens, solte os ventos.

Comande às últimas frutas que fiquem cheias;
dê-lhes ainda dois dias do sul,
force-as à conclusão e ponha
as últimas doçuras no vinho pesado.

Quem agora não tem casa, não mais uma construirá
Quem agora está só, por muito tempo o ficará,
acordará, lerá, escreverá longas cartas
e de um lado para o outro das avenidas
desinquieto vagueará, quando as folhas frondearem.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Brasil pra alemão ver

Pois bem. Presenciei nessa semana na Embaixada Brasileira em Berlim o lançamento de um livro sobre o Brasil atual, escrito em grande parte por estudiosos alemães que se interessam pelo Brasil. Na platéia estavam entre os curiosos vários professores brasileiros que estão emprestados para a Alemanha. Dentre esses professores me chamou mais a atenção uma professora doutora da USP e um professor doutor da UNB. A professora da USP discutia bem entusiasmada durante os comes-e-bebes pós apresentação do livro com um dito cujo que lá estava sobre o fato de Dilma Roussef ser extremamente despreparada para ser presidente do Brasil. Enquanto isso, à dois metros de distância, eu discutia com o professor da UNB, e ele batia o martelo sobre a incompetência do Serra. Pois bem. O quê me encucou? Me encucou o fato de duas pessoas de um background relativamente parecido (professores doutores de universidades elites do Brasil emprestados à Alemanha que com certeza não são pobres no Brasil ) poderem ter opiniões tão antagônicas. Esse debate definiu pra mim o fato de que a competência de um candidato não é uma característica objetiva. Não dá pra medir quem é mais preparado ou mais competente. Professores doutores têm tão pouca noção sobre isso quanto nós, mera reba.
Então, como é que se pode definir em quem votar, partindo desse princípio? A idéia da democracia, é que cada um proteja o quê é seu. Assim se formaram os partidos políticos. As coligações são uniões de partidos, que representam interesses semelhantes (mas não iguais, porque assim eles seriam um partido só). Votar na coligação PT/PMDB realmente não faz muito sentido do ponto-de-vista filosófico da coisa, de tão distintas que são as camadas por eles representadas. A dupla Serra/Índio, por mais que seja esdrúxula, ainda faz certo sentido. Então, a coisa está decidida, certo? É claro que não. Se o Serra ganhar, PSDB/DEM tem tão poucos assentos no Congresso, que eles teriam que sair distribuindo postos pra galera, pra poderem ter certa governabilidade. E a gente sabe que isso não é bom. Coisa que PT/PMDB não precisaria fazer. Então, mesmo com o "nada haver" do PT/PMDB faz mais sentido votar neles? Me recuso à dizer, que faz sentido votar no PMDB.
Quanto ao livro que foi apresentado, era um tijolão de trocentas páginas todo em alemão sobre o Brasil que custava 33 euros. Durante a apresentação foi revelado que em Berlim, Dilma foi a mais votada no primeiro turno, seguida por Marina Silva e, em terceiro, Serra. No mais, nada de memorável na noite.

terça-feira, 19 de outubro de 2010


Como primeira postagem deste blog, resolvi mostrar uma foto tirada por mim em uma rua do bairro de Friedrichshain em Berlim, no ano de 2007.

Blog do Thiago

Bem-vindos ao blog do Thiago.
Faço este blog com o intuito de apresentar coisas que fiz, faço, pretendo fazer, deixei de fazer e nunca farei.
Basicamente serão postadas aqui fotografias que eu gostaria de tornar públicas e textos sobre temas que eu achar interessantes.
Os comentários serão censurados tomando como base a razão. Aquilo que se entende por razão é definido neste blog por mim.