sábado, 27 de agosto de 2011

Hojotoho! Hojotoho! Heiaha! Heiaha!

Richard Wagner foi um compositor, dirigente, escritor e dramaturgo alemão, nascido no dia 22 de maio de 1813, na cidade alemã de Leipzig, e falecido no dia 13 de fevereiro de 1883, na cidade italiana de Veneza. Wagner ficou mais conhecido mesmo pelas obras "Lohengrin", "Der Ring des Niebelungen" (O Anel do Nibelungo), "Tristan und Isolde", "Die Meistersinger von Nürnberg" (Os Mestres Cantores de Nuremberg), e também por "Parsifal". Outra característica de Wagner que lhe rendeu certa repercussão, foi o seu antissemitismo (por isso, até hoje há discussão sobre a apresentação de obras de Wagner em Israel. Ele era alemão e antissemita).

A música de Wagner representa um ápice do período romântico, tendo influenciado muitos de seus contemporâneos. Entretanto, Wagner sofrera muitas críticas de celebridades e intelectuais durante a sua vida.


"Denn der "Parsifal" ist ein Werk der Tüke, der Rachsucht, der heimlichen Giftmischerei gegen die Voraussetzungen des Lebens, ein schlechtes Werk. - Die Predigt der Keuschheit bleibt eine Aufreizung zur Widernatur: Ich verachte jedermann, der den Parsifal nicht als Attentat auf die Sinnlichkeit empfindet."
- Friedrich Nietzsche: Nietzsche contra Wagner, Wagner als Apostel der Keuschheit


"Pois "Parsifal" é uma obra da malícia, da procura por vingança, de uma secreta mistura venenosa contra premissas da vida, uma péssima obra. A pregação da castidade constitui um incitamento à contra-natureza: Eu desprezo todos os homens, que não interpretam (sentem) Parsifal como um atentado aos sentidos".
- Friedrich Nietzsche: Nietzsche contra Wagner, Wagner como Apóstolo da Castidade. Tradução por Thiago Menezes


Pois bem. Eu achei um vídeo muito interessante no Youtube com uma das obras mais famosas de Wagner: Der Ritt der Walküre (A Cavalgada das Valquírias). Este vídeo foi gravado em 2010, no "Teatro alla Scala", em Milão, Itália (http://www.teatroallascala.org/en/index.html).

A Cavalgada das Valquírias é uma parte da ópera "Die Walküre" (As Valquírias), que, por sua vez, é uma parte da obra "Der Ring des Niebelungen". Esta obra é um drama musical, composto por quatro óperas. Wagner fez tudo para esta obra. Escreveu o texto, compôs a música e deu detalhadas ordens sobre a encenação. Wagner trabalhou nesta obra entre os anos de 1848 e 1874. Esta obra foi seu "Magnum Opus".

A completa execução desta obra demora em torno de 16 horas. Por causa disso, ela é executada em quatro óperas (quatro dias).

1. parte: "Der Vorabend" (A Noite Anterior): Das Rheingold (O Ouro do Reno);
2. parte: "Erster Tag" (O Primeiro Dia): Die Walküre (As Valquírias);
3. parte: "Zweiter Tag" (O Segundo Dia): Sigfried;
4. parte: "Dritter Tag" (Terceiro Dia): Götterdämmerung (O Crepúsculos dos Deuses). 


Die Walküre, von Richard Wagner



A ópera Die Walküre (As Valquírias) é composta por três atos. É difícil fazer uma descrição aqui da trama em cada ato, pois "As Valquírias" é uma continuação da trama já apresentada em "Das Rheingold", que é apresentado na noite anterior. Só para dizer, as valquírias são filhas do Deus Wotan. Este Deus é o senhor da terra. Vale ressaltar que a obra "Der Ring des Niebelungen" é baseada na mitologia germânica.

No total, há nove Valquírias: Brünnhilde (soprano); Helmwige (soprano); Gerhilde (soprano); Ortlinde (soprano); Waltraute (meio-soprano); Siegrune (meio-soprano); Roβweisse (meio-soprano); Grimgerde (contralto); e, por último, Schwertleite (contralto).

O vídeo que eu queria aqui mostrar, "Der Ritt der Walküre" (A Cavalgada das Valquírias), como eu já escrevi acima, foi gravado e 2010 no "Teatro alla Scala" di Milano, sob regência do argentino Daniel Barenboim. Abaixo do vídeo segue (em alemão) a letra desta parte da ópera. Esta letra foi copiada do site http://home.arcor.de/rww2002/rww2002/ring/walktc1.htm. As legendas do vídeo estão em francês. Não sei porquê.

Este trecho de "Die Walküre" talvez tenha mais se popularizado na segunda metade do século XX, pelo seu emprego no filme "Apocalypse Now", do diretor americano Francis Ford Coppola. Nessa parte do filme, helicópteros americanos bombardeiam um vilarejo no Vietnam, e, durante o ataque, um soldado americano meio louco resolve por para tocar num aparelho de áudio do helicóptero a "Cavalgada das Valquírias". É uma cena bem emocionante.

Bem. Espero que gostem do vídeo, e que talvez se interessem por ler e ouvir mais sobre esta obra de Richard Wagner.

Dritter Aufzug (Terceiro Ato)


Gerhilde
Hojotoho! Hojotoho! Heiaha! Heiaha!
Helmwige! Hier! Hieher mit dem Ross!
Helmwige
Hojotoho! Hojotoho! Heiaha!
Gerhilde, Waltraute, Schwertleite
Heiaha! Heiaha!
Ortlinde
Zu Ortlindes Stute stell deinen Hengst:
mit meiner Grauen grast gern dein Brauner!
Waltraute
Wer hängt dir im Sattel?
Helmwige
Sintolt, der Hegeling!
Schwertleite
Führ deinen Braunen fort von der Grauen:
Ortlindes Mähre trägt Wittig, den Irming!
Gerhilde
Als Feinde nur sah ich Sintolt und Wittig!
Ortlinde
Heiaha! Die Stute stösst mir der Hengst!
Gerhilde
Der Recken Zwist entzweit noch die Rosse!
Helmwige
Ruhig, Brauner! Brich nicht den Frieden.
Waltraute
Hoioho! Hoioho!
Siegrune, hier! Wo säumst du so lang?
Siegrune
Arbeit gab's! Sind die andren schon da?
Schwertleite, Waltraute
Hojotoho! Hojotoho! Heiaha!
Gerhilde
Heiaha!
Grimgerde, Rossweisse
Hojotoho! Hojotoho! Heiaha!
Waltraute
Grimgerd' und Rossweisse!
Gerhilde
Sie reiten zu zwei.
Helmwige, Ortlinde, Siegrune
Gegrüsst, ihr Reisige! Rossweiss' und Grimgerde!
Rossweisse, Grimgerde
Hojotoho! Hojotoho! Heiaha!
Die sechs anderen Walküren
Hojotoho! Hojotoho! Heiaha! Heiaha!
Gerhilde
In' Wald mit den Rossen zu Rast und Weid'!
Ortlinde
Führet die Mähren fern voneinander,
bis unsrer Helden Hass sich gelegt!
Helmwige
Der Helden Grimm büsste schon die Graue!
Rossweisse, Grimgerde
Hojotoho! Hojotoho!
Die sechs anderen Walküren
Willkommen! Willkommen!

domingo, 14 de agosto de 2011

Wilhelm Tell, de Friedrich von Schiller

"...Zu zielen auf des eignen Kindes Haupt, Solches ward keinem Vater noch geboten!"*

Nesta semana terminei de ler o livro "Wilhelm Tell" (Guilherme Tell, em port.), do escritor alemão Schiller. Este foi um dos melhores livros que li nos últimos tempos, e, portanto, resolvi postar aqui algo sobre ele. Assim, vou primeiramente escrever algo sobre o autor, para, em seguida, escrever sobre o livro.

Johann Christoph FRIEDRICH von SCHILLER, nascido em 10/11/1759 na cidade alemã de Marbach am Neckar, no Estado de Württemberg (sendo que Neckar é o nome do rio em que a cidade está localizada), morreu em 09/05/1805, na cidade alemã de Weimar, no Estado de Sachsen-Weimar (Saxônia-Weimar).

Talvez, valha a pena frisar que esses Estados alemães, hoje, tem outra constituição. O Estado de Württemberg foi fundido com o Estado de Baden, e formam hoje o Estado com o creativo nome de Baden-Württemberg. O Estado de Sachsen-Weimar é hoje o Estado Livre da Turíngia (Freistaat Thürigen).

Pois bem. Schiller foi um dos maiores poetas e dramaturgos da língua alemã. Fora isso, ele também foi um importante historiador e filósofo. Junto com Wieland, Goethe e Herder, formava Schiller aquilo que se chama de "Classicismo de Weimar" (Weimarer Klassik).


Schiller era boêmio, adorava tabaco e jogar cartas. A partir de 1773, ele frenqüentou a academia militar por ordem do Ducato onde vivia. Lá, ele começou estudando direito e depois mudou o estudo para medicina. Enquanto ele estudava, ele também se interessava por obras literárias. Assim, em 1776 foi publicada sua primeira poesia "Der Abend" (A noite).

Em 1782, Schiller fugiu de Stuttgart para Mannheim. Entre os anos de 1783 e 1789, Schiller sofria de sérios problemas financeiros. Esta situação só veio a se normalizar em 1789, quando ele virou professor na Universidade de Jena.

Schiller morreu em maio de 1805 de tuberculose, causada por pneumonia.
Entre obras famosas de Schiller, fora Wilhelm Tell, pode-se citar "Die Räuber" (Os ladrões) e "An die Freude" ("À Alegria", em port. Esta é a letra do movimento "Ode à Alegria", da 9. Sinfonia de Beethoven).

Schiller desenvolveu durante sua vida uma amizade com Goethe, sendo que ele chegou a morar por duas semanas na casa de Goethe, onde ele pode observar a rotina deste.

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Agora, à Obra propriamente dita:

Wilhelm Tell, de Friedrich von Schiller


É importante dizer que "Guilherme Tell" é na verdade uma lenda suíça sobre um valente homem, famoso por sua bravura, caráter e pela sua habilidade no manuseio da balestra (ou besta. Arma cuja idéia se assemelha à do arco-e-flecha. Armbrust em alemão), que ajudou à combater a tirania dos Habsburgos por volta dos séculos XII e XIII, em regiões que hoje constituem a Suíça.

Schiller pega esta lenda como base e escreve uma peça de teatro. "Guilherme Tell" foi o último drama escrito e findo por Schiller, antes de sua morte. Esse drama estreiou no dia 17 de março de 1804 no Waimarer Hoftheater, evidentemente, em Weimar.

A obra é dividida em 5 Atos, sendo que:

1. Ato - 4 Cenas;
2. Ato - 2 Cenas;
3. Ato - 3 Cenas;
4. Ato - 3 Cenas;
5. Ato - 2 Cenas.

A estória do livro se mistura com história da própria Suíça. Lembrando aqui que Schiller é original do antigo Estado alemão de Württermberg. Estado este que faz fronteira com a Suíça (em grande parte, pelo Lago de Constança - Bodensee). Assim, assume-se que Schiller tinha laços culturais muito fortes com a Suíça. Principalmente com a Suíça alemã. Aqui valhe ressaltar também uma das maiores (senão a maior) dificuldade na leitura desse livro - a língua. O Logotipo do Estado de Baden-Württemberg na tentativa de eleger a cidade de Karlsruhe como "Europäische Kulturhauptstadt" (Capital Cultural Européia), há alguns anos foi justamente "Baden-Württemberg: Wir können alles, ausser Hochdeutsch", ou em português: "Baden-Württemberg: Nós podemos tudo, fora alemão culto". O tipo de alemão usado na escrita desta obra é bem regional...realmente quase em dialeto. Entretanto, a leitura não se torna impossível por causa deste obstáculo.

De forma bronca, a estória se resume à um bravo homem (Guilherme Tell) que vive numa região da Suíça que vem sendo tiranizada por um homem responsável pela administração pública, em nome do Rei. Este homem é o Reichsvogt Hermmann  Gessler. O título "Reichsvogt" corresponde ao cargo na administração pública. Gessler era responsável pelas regiões de "Schwyz" e "Uri".

Então, num determinado dia o Reichsvogt resolve pendurar um chapéu num poste no meio da cidade, representando o poder dos Habsburgos. Todos os súditos deveriam prestar reverência sempre ao passar em frente à este chapéu. Guilherme Tell se reusou à fazê-lo. Como, nesta hora, ele estava acompanhado de seu filho Walther Tell, e Guilherme Tell tinha a fama de ser um exímio atirador de flechas, o Landvogt (Reichsvogt) decidiu conceder à Guilherme Tell a chance de salvar a sua vida, caso ele acertasse uma maçã, posta no cabeça de seu filho, à distância de 100 passos, com uma flechada só. O rebuliço na cidade é geral. Tell se recusa à fazê-lo. Eis então que o Landvogt diz, que se Guilherme Tell não o fizer, morrerá ele e seu filho.

Acoado, Guilherme Tell separa uma flecha das outras, e com a segunda flecha, ele acerta a maçã. A comoção na praça é sonora. Todos festejam a liberdade dos dois do poder do tirano. O Landvogt chama Tell às conversas, e o primeiro garante a vida de Tell. Entretanto, ele o faz uma perguta: Por quê Tell separou a primeira flecha. Eis que Tell o responde, dizendo que caso ele errasse o tiro, e matasse seu próprio filho, aquela flecha seria com certeza direcionada ao coração do Landvogt.

Sabendo disso, o Landvogt decreta a prisão imediata de Guilherme Tell. A tropa do Landvogt e Tell (já como prisoneiro) embarcaram para a cidade de Küβnacht. No meio do caminho, fortes tempestades perturbaram a travessia, e, abordo, somente Tell tinha conhecimento suficiente da área para guiar o navio até seu destino em segurança. Eis então que libertaram Tell das algemas, e este tomou o comando do navio. Tell jogou o navio contra a margem, e pulou para fora, assim, escapando.  



Já em terra firme, Guilherme Tell se posiciona de forma estratégica, à espreita, olhando de cima o caminho para a cidade de Küβnacht, por onde a comitiva do Landvogt inevitavelmente teria que passar. O caminho desta comitiva é então interrompido por uma senhora com seus dois filhos, que pedem junto ao Landvogt clemência pelo seu marido, que havia sido injustamente preso. Ao ter o pedido de clemência recusado, a senhora se prostra junto com seus dois filhos em frente aos cavalos do Landvogt. Quando este se prepara para passar por cima das três pessoas com seus cavalos, uma flecha lhe acerta o coração. A morte é rápida. Do alto das montanhas, via-se a silhueta de Guilherme Tell.

A estória secundária desta obra se encarrega de preênche-la com detalhes históricos. Durante todo este processo, houve a constituição da Suíça propriamente dita, com um juramento feito por três representantes das regiões de "Uri", "Schwytz" e "Unterwalden". Este tratado entrou para história conhecido como "alte Eidgenossenschaft" (Antiga Confederação Helvética, em português. Ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Antiga_Confedera%C3%A7%C3%A3o_Helv%C3%A9tica).



Então, na estória, os confederados conseguem derrubar um por um dos tiranos das diversas regiões, e assim, formam o começo do país que hoje se chama somente Suíça.

De forma bem genérica, a estória se resume à isto. É uma leitura muito bacana e bem poética. Há trechos que    realmente são poesia pura, como por exemplo:

Rasch tritt der Tod den Menschen an,
Es ist ihm keine Frist gegeben,
Es stürzt ihn mitten in der Bahn,
Es reiβt ihn fort vom vollen Leben,
Bereitet oder nicht, zu gehen,
Er muβ vor seinen Richter stehen!

Estes versos fazem parte da canção entoada pelos "Barmherzige Brüder", por causa da morte do Landvogt. Os "Barmherzige Brüder" (Irmãos Misericordiosos, em português), fazem parte da Igreja Católica, e se ocupam, principalmente, com a ajuda aos doentes e idosos. Eles seguem principalmente a doutrina de Santo Agostinho. A tradução deste verso para o português é:

Rápido entra a morte no homem,
Não lhe é dado nenhuma data,
O derruba no meio da estrada,
Lhe arrebata da completa vida,
Pronto ou não para ir,
Ele tem que encarar seus juízes!        

Espero que tenham gostado do apanhado geral, e que tenham sentido vontade de ler o livro!

p.s. A passagem * no início desta postagem significa em português:
Alvejar a cabeça do próprio filho, tal coisa nunca fora imposta à nenhum pai!

terça-feira, 12 de julho de 2011

Wenn Bach, dann Richter!!!!

Karl Richter foi um músico alemão da mais alta grandeza, nascido em 15 de outubro de 1926 na cidade alemã de Plauen (Estado da Saxônia, quase fronteira com a atual República Checa). Ele, infelizmente, morreu no dia 15 de fevereiro de 1981 em Munique (Estado alemão da Bavária).

Ele ficou mais conhecido mesmo pela suas interpretações de Bach. Pelo fato de o pai de Richter ter sido pastor evangélico, Karl já teve contato com a música de Bach desde a sua mais tenra infância.

Para àqueles que falam alemão, só para entender do quê se trata esta postagem, aqui está um excerto sobre Karl Richter da página eletrônica alemã "KlassikAkzente.de":

"...Wenn Bach, dann Richter. Über ein Vierteljahrhundert hinweg galt der Slogan und war wie ein Gütesiegel für musikalische Qualität. Vor allem für die geistlichen Werke des Thomaskantors hatte Richter eine Sensibilität entwickelt, die ihm die künstlerische Arbeit auf oberstem Niveau ermöglichte. Anno 1926 im vogtländischen Plauen geboren, kam er als Sohn eines evangelischen Pfarrers bereits in Kinderjahren mit den Bachschen Sakralklängen in Kontakt. Erst Kreuzschüler in Dresden, dann Student der Kirchenmusik bei Karl Straube und Günther Ramin in Leipzig wurde er mit verschiedenen Interpretationstraditionen vertraut und arbeitete sogar ein Jahr lang als Thomasorganist in der Nachfolge des barocken Meisters. Im Jahr 1951 zog Richter nach München und begann schrittweise, als Kantor der Markuskirche und Dozent an der Musikhochschule einen Kreis von Bach-Begeisterten um sich zu sammeln. Er gründete den Bach-Chor (1951), das Bach-Orchester (1953) und erwarb sich mit seinen Künstlern innerhalb kurzer Zeit den Ruf eines herausragenden Bach-Interpreten. Richter sammelte Talente und Stars wie die Organistin Hedwig Bilgram und den Bariton Dietrich Fischer-Dieskau um sich, mit deren Hilfe er das internationale Niveau seiner Aufführungen und Aufnahmen garantieren konnte..."


O ponto mais alto da carreira de Richter foi, provavelmente, a gravação da Missa em Si menor (BWV 232) em 1961 com a Münchner Musikhochschule (Faculdade de Música de Munique). Só para se ter uma idéia da importância dessa gravação, ela fez parte da coletânea mandada para o espaço sideral nas missões da NASA Voyager 1 e 2 (o chamado Disco de ouro da Voyager http://pt.wikipedia.org/wiki/Voyager_Golden_Record). O objetivo dessa missão foi mostrar diversas imagens e sons produzidos no planeta terra, para eventuais seres extraterrestres.

Então, eu resolvi postar aqui 3 videos de Karl Richter (todos do youtube), sendo que o primeiro deles, é justamente a Missa em Si menor do Bach (BWV 232); o segundo mostra o Richter executando uma peça de Bach, ao cravo (cembalo em alemão). A peça é Toccata e Fuga em Sol menor (BWV 915); e por fim, ao órgão, a famosa Toccata e Fuga de Bach, em Ré menor (BWV 565).

Pois bem, aproveitem esses vídeos e essas músicas compostas pelo, talvez, maior gênio da música de todos os tempos, e interpretadas pelo, talvez, maior intérprete de Bach de todos os tempos.

Vídeo 1: Missa em Si menor (BWV 232). Primeiro movimento "Kyrie eleison".
Os outros movimentos desta obra podem ser acessados diretamente no YouTube.
Neste vídeo, prestem atenção aos adornos da Igreja. Não consegui identificar em qual Igreja este vídeo foi gravado, mas desconfio que tenha sido em Munique mesmo.


Vídeo 2: Toccata e Fuga em Sol menor, ao Cembalo, (BWV 915)


Vídeo 3: Toccata e Fuga em Ré menor, ao órgão, (BWV 565)
Aqui, neste último vídeo, prestem atenção no quê que esse cara faz com os pés nos períodos entre 5'41'' e 5'55''; e entre 6'50'' e 7'27''.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Olá gente!

Hoje é um grande dia para a comunidade científica internacional. Resolvi abrir um espaço específico para postagem de materiais relacionados à economia. O site se chama "Economia & Afins", e pode ser acessado através do link próprio contido neste blog (em professional links).
Assim, não haverá mais mistura de assuntos sérios com baboseiras rotineiras à blogs como este.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Que Globalização?

Again, from the Economist...online edition April, 20th 2011


Segundo a revista britânica "The Economist", a globalização não é tão ampla quanto a gente pensa.


"...Only 2% of students are at universities outside their home countries; and only 3% of people live outside their country of birth. Only 7% of rice is traded across borders. Only 7% of directors of S&P 500 companies are foreigners—and, according to a study a few years ago, less than 1% of all American companies have any foreign operations. Exports are equivalent to only 20% of global GDP. Some of the most vital arteries of globalisation are badly clogged: air travel is restricted by bilateral treaties and ocean shipping is dominated by cartels..."


Muitas coisas ficam mal entendidas, porque a globalização não tem que ser necessariamente, por exemplo, pessoas indo estudar num outro país, diferente daquele onde elas nasceram, mas simplesmente estudar no país em que nasceu as mesmas coisas estudadas em outros países. Não se tem que ir ao México pra comer tortilhas.


O fato de 3% das pessoas viverem num país diferente não é pouco. É muita gente 3%. Esses 3% são regularmente visitados por amigos e parentes, levam coisas do exterior para os seus países de origem, e assim vai...Quantas pessoas fazem regularmente viagens internacionais? Quantas pessoas falam um idioma estrangeiro?


Então, uma velha tecla, globalizção é realmente questão de definição. É que nem estatística é usada sempre diferente, dependendo da vontade de quem a está usando.  







domingo, 6 de fevereiro de 2011

Etanol, Ethanol, Bioetanol or Bioethanol (in Portuguese and English)

Portuguese Version
Só pra dar uma idéia geral da situação, da ambição e da pretensão do setor sucroalcooleiro brasileiro, vou citar aqui um trecho da seção "conclusões e comentários" da primeira fase (ano 2005) do "Estudo sobre as possibilidades e impactos da produção de grandes quantidades de etanol visando à substituição parcial da gasolina no mundo", realizado pelo NIPE/UNICAMP (Núcleo Interdisciplinar de Planejamento Energético/Universidade de Campinas), encomendado pelo CGEE (Centro de Gestão e Estudos Estratégicos).

"A demanda de gasolina no mundo situa-se hoje (2005) em torno de 1,2 trilhões de litros por ano. O National Energy Information Center (NEIC) dos E.U.A., projeta um aumento de 48% neste consumo, entre 2005 e 2025, levando o total para cerca de 1,7 trilhões de litros em 2025. Considerando que o poder calorífico do etanol é menor que o da gasolina, e que o uso do etanol melhora um pouco a eficiência dos motores ciclo Otto, a quantidade de etanol necessária para substituir 10% desta gasolina (170 bilhões de litros) foi estimada, preliminarmente, em 205 bilhões de litros por ano que, nas produtividades de hoje (2005), demandaria cerca de 35 milhoões de hectares de cana-de-açúcar.
...
Os índices técnicos da cadeia produtiva do etanol podem ser agrupados de uma forma simplificada como 70t/ha (toneladas por hectare) de produtividade para a cana (área cultivada), que com um teor de sacarose médio de 14,5% resultaria em 85 litros de etanol anidro por tonelada de cana processada. De uma forma ainda mais condensada, estes números representam cerca de 6.000 litros de álcool anidro por hectare cultivado com cana de açúcar.
...
Nos estudos sobre novas áreas de expansão, foram identificados cerca de 260 milhões de hectares de terras aptas para produção de cana, dos quais 120 milhões são terras com produtividade alta (81t/ha) e média (73t/ha); nessas áreas não há necessidade de irrigação. Obviamente, uma parte já está ocupada com outras culturas, mas ainda assim a disponibilidade de terras para expansão dos canaviais, dentro dos limites estimados no estudo, não será empecilho para se atingir os objetivos propostos. Nas produtividades de hoje (2005), seriam necessários cerca de 35 milhões de hectares de novos canaviais para produzir 205 bilhões de litros de etanol por ano."

English Version
"The world demand for gasoline lays today (2005) by 1.2 trillion liters annualy. The National Energy Information Center (NEIC), in the US, projects an increase of 48% for this demand between 2005 and 2025, which would bring the demand to a total of 1.7 trillion liters by 2025. If we consider that ethanol has less calorific power than gasoline, but it improves the efficiency of Otto-motors, the quantity of ethanol needed to subsitute 10% of this project demand for gasoline (170 billion liters) was estimated by 205 billion liters ethanol annualy, which based on today's productivity would represent about 35 million hectars of sugarcane.
...
The tecnical information about the ethanol's production chain can be summarized as 70 tons/hectar, which would result in 85 liters anhydrous ethanol for each processed ton of sugarcane (sugarcane with a sucrose content of 14,5%). It would represent about 6,000 liters anhydrous ethanol per cultivated hectar.
...
Following the studies about expansion of the sugarcane fields in Brazil, there were 260 million hectars of land identified, where the cultivation of sugarcane is possible. From those 260 million hectars, 120 million hectars were listed as high productivity (81 tons per hectar) and medium productivity (73 tons per hectar). In these areas there is no need for irrigation. Of course, part of these 120 million hectars is already in use with other culture, but it would represent, in general, no threat to the project of producing annualy 205 billion liters ethanol."


Well...I just wanted to give an idea about how the Brazilians are thinking and developing the sugarcane sector. Of course, this study (maybe a little too euphoric) began in 2005 (1 Phase) and was completed in 2007 (2 phase), in other words, before the huge pre-salt discoveries PETROBRÁS has made in 2007/2008.
I am developing a paper on this subject together with two senior researchers of the Freie Universität Berlin, and I will try to keep this blog informed about new developments on that!

sábado, 8 de janeiro de 2011

Article from "The Economist". Of course, no violation of copyrights intendend!

Science in Brazil Jan 6th 2011 | SÃO PAULO | from PRINT EDITION

POPULAR with foreigners looking for sun, sea and samba, Brazil wants to turn itself into a hot destination for seekers of science. Though its own bright graduates still head to Europe or the United States for PhDs or post-doctoral fellowships, nowadays that is more because science is an international affair than because they cannot study at home. The country wants more of them to return afterwards, and for the traffic to become two-way.

Brazil is no longer a scientific also-ran. It produces half a million graduates and 10,000 PhDs a year, ten times more than two decades ago. Between 2002 and 2008 its share of the world’s scientific papers rose from 1.7% to 2.7%. It is a world leader in research on tropical medicine, bioenergy and plant biology. It spends 1% of its fast-growing GDP on research, half the rich-world share but almost double the average in the rest of Latin America. Its scientists are increasingly collaborating with those abroad: 30% of scientific papers by Brazilians now have a foreign co-author.

Becoming part of the global scientific endeavour is about more than national pride. By doing their own science, developing tropical countries can make sure that it is not only the problems of people in rich, temperate places that get solved.

São Paulo, Brazil’s richest state, is leading the effort. It has the country’s best universities, including the only two that make it into the top 300 in both of the best-known global rankings. Its constitution guarantees the state research foundation, known as FAPESP, 1% of the state government’s tax take. That amounted to $450m in 2010, and comes on top of money from the federal government.

This allows São Paulo to offer the money and facilities to attract foreign researchers. That will remain essential for a while. Brazil is short of established scientists, a legacy of the dire condition of its schools, even if these are now improving. “We have money, and plenty of ideas,” says Glaucia Mendes Souza, an expert on sugar-cane genomics at the University of São Paulo who co-ordinates FAPESP’s bioenergy research. “We need more research groups, and more people to lead them.”

Fortunately, this is a good moment to lure foreign scientists. Research funding is being squeezed in Europe and North America. Although Brazil’s super-strong currency may bring fears of deindustrialisation, it also makes all kinds of imports cheaper. But snaring academic superstars will be hard. Though Brazil pays junior researchers well by international standards, the same is not true at the top of the scale. Publicly funded universities have no flexibility to offer more money to seal a deal. Nor can they offer research-only contracts: all tenured academics must teach undergraduates. Permanent positions can be filled only by open competition: heads of department cannot simply identify the best candidate and start negotiating. And those competitions include a public examination—in Portuguese.

Still, FAPESP is trying. It has advertised two-year fellowships at some São Paulo universities in Nature, a scientific journal read globally, and though most responses came from scientists early in their careers, it is mostly the more senior ones who are being invited for discussions. FAPESP hopes that during those two years they will learn Portuguese (lessons are included) and that some will want to stay.

Perhaps the main thing Brazil can offer scientists is plenty of room to grow. “You can have your own laboratory here,” says Anete Pereira de Souza, a plant geneticist at the University of Campinas, another big São Paulo state university. “You can start an entire new area of research. Here, you’re a pioneer.”

from PRINT EDITION | The Americas